terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A última aparição de Hitler

Hitler ainda recebeu alguns convidados mais próximos para o seu aniversário no dia 20 de Abril. Há uma foto dele na ocasião. Com a gola do capote levantada, ele cumprimenta, do lado de fora da Chancelaria do Reich destruída, alguns jovens rapazes da juventude nazi que se haviam destacado na defesa desesperada da cidade. O Führer estava uma ruína humana. Os últimos acontecimentos haviam-lhe retirado a seiva. A sua tez acinzentou-se, o rosto encovou-se e os olhos adquiriram uma opacidade de semimorto. Para consolá-lo e sacudi-lo da letargia depressiva em que se encontrava, Joseph Gobbels, o seu Ministro da Propaganda, lia-lhe diariamente trechos da "História de Frederico o Grande", de Carlyle, especialmente a passagem onde é narrada a milagrosa salvação daquele capitão-de-guerra prussiano na Guerra dos Sete Anos (1756-63), que escapou do destino dos derrotados devido a um desacerto ocorrido entre os seus inimigos. A determinação de ficar ali e travar a batalha final foi tomada numa reunião no dia 22. Inspirando-se na tradição nórdica do herói que morre solitariamente num último combate, ou no sepultamento do guerreiro viquingue incinerado no seu barco de comando, Hitler comunicou a todos a intenção de comandar pessoalmente as operações. Recebeu, porém, telefonemas de alguns seguidores e de outros generais que insistiram para que se retirasse enquanto havia tempo. O Führer manteve-se intransigente. Ninguém o arrastaria para fora da liça.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Berlim, o mausoléu de Hitler

Lá fora, a capital do IIIº Reich também ardia num colossal braseiro. Monumentos, prédios públicos, palácios, edifícios, casas, praças e avenidas, pareciam um entulho só. Os sobreviventes, apavorados com o terrível rugido dos canhões e das bombas, que lhes soavam como se fosse o acorde final do "Gotterdammerung", o wagneriano "Crepúsculo dos Deuses", acreditavam que a hora do apocalipse chegara. Berlim, com 250 mil prédios destruídos, virara um cemitério lunar. A grande cidade, transformada em ruínas, assemelhava-se a um fantástico mausoléu erguido pela barragem de fogo aliada para sepultar uma das monstruosidades do século. Hitler suicidara-se aos 56 anos, e o seu regime, que segundo os seus propagandistas mais pretensiosos deveria ser o Reich de Mil Anos, naufragou com ele doze anos depois de ele ter assumido a Chancelaria da república alemã, em Janeiro de 1933.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Nazismo e Religião


Perseguição à Igreja Cristã

Inicialmente Hitler havia se demonstrado amistoso quanto às Igrejas Cristãs e o clero no início do regime nazi desejava colaborar com o novo governo. Segundo a obra Mein Kampf , o Führer ataca as igrejas por não seguirem doutrinas racistas e defende a colaboração do nazismo com elas, afirmando que “um partido político nunca deve (...) perder de vista (...) que um partido puramente político jamais obteve resultado na consecução de uma reforma religiosa” (HITLER, 1925).
Prometeu no início de 1933 uma aproximação com a Santa Sé, assinando um acordo com a mesma que supostamente garantia os direitos religiosos católicos na Alemanha, porém as sucessivas ondas de violência contra os judeus, em especial as leis de esterilização ofenderam principalmente a Igreja Católica, que mantinha uma posição tradicional baseada na doutrina de que perante Deus todos são iguais independente de raça.
Em Julho de 1933 foi então criada a Igreja Nacional do Reich, uma igreja protestante da Alemanha nazi, cujo objetivo era abranger e nazificar todos os alemães protestantes numa única instituição e a sua ideologia era baseada no cristianismo positivo. Resulta da fusão das 28 igrejas protestantes luteranas e reformistas, que englobavam em torno de 48 milhões de adeptos e o seu bispo tornou-se Ludwig Müller.
As perseguições contra a Igreja Católica foram mesmo muito violentas e não terminavam. No dia 14 de Março de 1937, o Papa Pio XI divulgou que desprezada as políticas da Alemanha nazi e afirmou ainda que se elas continuassem a Alemanha se destruiria. Esta foi a primeira instituição religiosa a posicionar-se contra o nazismo.
A reação de Hitler através da Gestapo foi violenta. A partir de então, milhares de padres e leigos católicos foram presos, diversas publicações católicas foram suprimidas e a Confissão violada pelos agentes da Gestapo.
O ambiente de tensões continuou e mesmo Durante a Segunda Guerra Mundial a Igreja do Reich proibiria a vinculação da Bíblia, substituindo-a pelo Mein Kampf e decretando que os crucifixos deviam ser substituídos pelas suásticas.
Para Hitler, esta nova ideologia parecia capaz de regenerar a sociedade alemã, apaziguar as lutas sociais e insuflar na população o sentido nacioanal. “Foi com esse espirito que se desenvolveu uma igreja alemã com o desígnio de unificar as várias correntes protestantes do país, de des-judaizar o Novo Testamento e de pôr em causa a ideia do pecado original, contrária è ideologia totalitária" (DREYFUS, MARX, & POIDEUIN).

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Juventudes Hitlerianas

As juventudes Hitlerianas, como um ramo das SA, desde 1926 até ao fim do Terceiro Reich, caracterizaram-se pela sua coesão, pela sua fidelidade incondicional ao regime e pelos imponentes recursos humanos, pois em 1934 tinham mais de 3,5 milhões de afiliados. Nesta organização tornou-se então evidente a capacidade de propaganda do partido nacional – socialista para convencer as massas.

Até princípios de 1939, não era obrigatório o ingresso na instituição Baldur Von Schirach, a partir dessa data todos os jovens de 17 anos deveriam alistar-se ao cumprimento do dever no exército ou nas SS. Dois anos depois, forçou-se o alistamento na organização juvenil, a todos os jovens, tanto homens como mulheres, que ultrapassassem os 10 anos de idade. Todo o homem deve ser formado para lutar pelo Reich, a educação da mulher deveria ter, antes e acima de tudo, um propósito absoluto: formar futuras mães de família e para se obterem gerações puras a mulher tinha de ser instruída correctamente para a educação e manutenção.

As SS também estiveram envolvidas no treino dos jovens Nazis que queriam ajudar os agricultores alemães do leste a construir as suas vivendas, cumprindo interesses de Himmler e Darré – criar uma casta de “senhores agricultores”, sobre a qual o Reich se sustentaria. Os jovens sentiam uma admiração cada vez maior pela Figura do homem SS, como protector da pureza nacional-socialista.

A formação racial e de extrema-direita começava, então, aos 10 anos no NPEA e aos 12 na AHS (as Reichsschulen), os que queriam uma posição elevada na Alemanha deveriam ingressar na Escola Superior do Partido Nazi, entre os 24 e os 27 anos de idade, para serem soldados.

A ideia do Führer tornou-se realidade, fez do povo um imenso exército, que o servia.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Modelo Económico Nacional - Socialista

No aspecto económico, a politica do III Reich pode-se caracterizar pela planificação, o intervencionismo e a tentativa de conseguir a auto-suficiência.
Como só dispunha de um mercado interno insuficiente e não podia exportar, Hitler estava numa situação em que só podia resolver as contradições económicas mediante uma guerra de conquista (de “fuga para a frente”).
Esta planificação quadrienal, visava tornar a Alemanha independente do estrangeiro tanto por meio do aumento da produção tradicional de linho, cânhamo, aço, etc., como pelo fabrico de produtos de substituição, como a borracha ou gasolina sintéticas (THIBAULT, 1981).
O regime económico nacional-socialista reservava sempre uma importância considerável à iniciativa privada dos capitalistas, cujas margens de lucro não pararam de aumentar. Segundo Balcelles (1981), a alta burguesia não podia mesmo deixar de se regozijar com o regime, embora também seja verdade que o governo mantinha sobre o mundo dos negócios uma tutela cada vez mais asfixiante. Hitler, “quis facultar aos operários um nível de vida conveniente que facilitasse a sua integração na sociedade nazi, dando assim satisfação às aspirações de grande parte da população” (DREYFUS, MARX, & POIDEUIN). A lei da regulamentação do trabalho imposta por Hitler decretou a colaboração entre patronato e a classe operária, assim como também houve preocupação governamental em estabilizar os preços. Foram desenvolvidos os seguros sociais, a cultura popular e a ocupação de ócio.
Mas, principalmente o III Reich empenhou-se na luta contra o desemprego e favoreceu o relançamento da iniciativa económica, em que incluiu a realização de grandes obras públicas assim como auto-estradas e habitações operárias. Só entre 1933 e 1939 foram construídos 2500 km de auto-estradas e centenas de milhares de alojamentos foram obrados e instaurou-se uma autêntica política urbanística. Por estas e outras vias conseguiu-se quase a extinção do desemprego, no entanto os operários perderam as liberdades sindicais e ficaram bastante sobrecarregados com as quotizações e deduções que a Arbeitsfront impunha.
A classe camponesa, aquela que Hitler pretendia tornar a garantia da pureza, mantinha-se numa situação precária em consequência do endividamento que enfrentavam e que explica a emigração para as cidades.
Ainda relativamente à organização económica, Hitler tendo condenado a luta de classes, substituiu os sindicatos por organizações corporativas, que associavam patrões e trabalhadores sob o controlo do Estado.
Pescadores, trabalhadores florestais e sobretudo agricultores ficaram reagrupados numa Reichsnahrstand[1], enquanto os assalariados que não são funcionários estão reagrupados no Arbeitsfront, cuja acção é prolongada durante os tempos livres pelas secções especiais da Kraft durch Freude[2].
A intervenção do Estado mantinha deste modo sob o seu controlo directo o conjunto do patronato e favorecia o processo de concentração.
O Führer submeteu a economia do seu país às directrizes políticas e aos interesses do Estado nacional-socialista. Motivo é para se afirmar “que o regime económico e social era o de uma nação cinicamente explorada pelo estado” (BALCELLES, 1981).
Todavia em 1939, ninguém via as coisas por esta perspectiva, pois os êxitos conseguidos pelo regime em matéria de política externa levava os Alemães a acreditar numa era de poder e prosperidade. Consideravam ainda que tudo isso se devia ao génio do seu Führer e que por isso valia bem o aumento do trabalho e dos sacrifícios.
Não há dúvida, de que foi a vontade do poder que inspirou Hitler no regime económico que prevaleceu na Alemanha.

[1] Corporação Camponesa

[2] A força pela alegria

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Adolf Eichmann




Lei de Reconstrução do Reich

Após a “Lei de Reconstrução do Reich”, aprovada a 30 de Janeiro de 1934, todos os estados alemães perderam a sua autonomia passando a possuir o estatuto de províncias. “(...) os poderes soberanos [dos estados devem ser] transferidos para o Reich, todos os seus governos ficaram sob a jurisdição do governo do Reich e os governadores subordinados à administração do ministro do interior do Reich”.
Antes da Lei ser aprovada, dois decretos-lei, a 31 de Março e 7 de Abril haviam privado os municípios de possuir a sua autonomia, o que demonstra um acto premeditado por parte do governo do Reich. No caso de dado município possuir mais de cem mil habitantes seriam eleitos prefeitos que, obedecendo ao ministro do interior do Reich, ajudariam a manter a ordem no Reich.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O casamento e a traição

Poucos dias depois de ter tomado a decisão definitiva, Hitler resolveu formalizar a sua união com Eva Braun, encomendando um casamento de emergência dentro do abrigo. O casal decidira pôr fim à vida juntos. Hitler tinha-se mantido solteiro, até então, em nome da mística que a sua solitária figura messiânica exercia sobre o povo alemão. O salvador não poderia ser um homem comum, com esposa e filhos, envolvido pela contabilidade doméstica, e na rotina matrimonial burguesa. Teve ainda um espumante ataque de fúria quando soube (ele, mesmo nos estertores, ainda era informado de tudo), que Heinrich Himmler, o Reichsführer SS, havia, às suas costas, à socapa, contactado com o legatário sueco, o conde Bernadotte, para negociar uma paz em separado com os exércitos ocidentais, que avançavam pela Alemanha a dentro vindos do Rio Reno. Numa das suas derradeiras ordens, determinou a expulsão sumaria dele do Partido Nazi exonerando-o de todos os cargos de chefia. Mas naquela altura de nada adiantava.